Apresentada pela primeira vez a 23 de abril de 2021

A Plasti Cidade é uma peça de teatro desenhada para experienciar no escuro, trazendo assim o som para o papel de principal agente sensorial. O processo de preparação e execução desta peça funcionou, mais uma vez, como um passo importante na investigação do coletivo que desta forma, pode trabalhar com novas ferramentas e responder aos desafios impostos. Entre estes, destacamos a preparação de atores para a expressão e o movimento no escuro, a composição de um imaginário sonoro para um território imaginado e a produção de uma peça com um sistema de som octafónico.

Esta peça conta-nos a história de uma cidade e dos seus habitantes. Guiados pelo nosso Capitão, o público vai descobrir vários lugares característicos, tais como o bar central ou o hotel que os recebe. Esta viagem acontece sem qualquer tipo de luz. Através do ato da escuta somos capazes de criar variados espaços. Sem a visão, os restantes sentidos são enaltecidos. Acreditamos que as paisagens sonoras e as vozes distantes da cidade conseguem representar um imaginário coletivo para o público e que este, em simultâneo, cria as suas próprias "imagens" descritivas.

No coletivo acreditamos que o mundo está sobrepopulado com imagens dispersas e, por este motivo, optamos por experimentar este formato. Os nossos olhos são o principal alvo dos media. No nosso dia a dia, são várias as coisas que exigem a nossa atenção visual, as roupas, os anúncios, as redes sociais, a arquitetura, entre outras. Desligar as luzes é uma das nossas respostas. Desta forma, podemos oferecer ao público a possibilidade de desligar os seus telemóveis por 50 minutos, de se desligarem das referências visuais que determinam a forma como vivemos.

Como trabalhadores árduos que somos, sempre ao alcance de múltiplas mensagens, esquecemo-nos, com demasiada frequência, de escutar o mundo à nossa volta.